domingo, 27 de janeiro de 2008










(fasciculo21)







2ª- O Metacentro (M) coincide com G.

Neste caso o equilíbrio é indiferente. A embarcação ficará inclinada, mantendo-se nessa posição.










fig 17 - Equilíbrio Indiferente







3ª- O Metacentro (M) fica abaixo de G.



Neste caso o equilíbrio é instável, e a embarcação continuará a adornar continuamente, até soçobrar. (fig 18)




fig 18 - Equilíbrio Instável



Servindo-se da técnica (fig. 19) do peso móvel deslocado no tombadilho, e lendo numa régua graduada o afastamento provocado num pêndulo imerso em água (para melhor estabilização), o engenheiro Sá concluiu, rapidamente, que com o lastro embarcado, a altura metacentrica (r-a) era positiva. O metacentro (M) situava-se acima do centro de gravidade ( G), sendo o seu valor de + 0,82.
Isto significava, que nesta situação, a Nau poderia navegar.


fig 19 - Ensaio altura Metacêntrica

(cont)

domingo, 20 de janeiro de 2008

(Fascículo 20)













fig 15 – A Nau peada a terra
Notou-se desde logo, uma certa tendência para a Nau voltar a inclinar-se, o que indiciava problemas de instabilidade irreversivel,se nada fosse feito. Assim, enquanto a cábrea mantinha a Nau em posição, e se lastrava esta, mandou-se abrir um rego perpendicular ao anterior, no sentido norte-sul, para onde se deslocou a embarcação, que, convenientemente peada para terra, ficou em posição de aproada, ao norte.
A questão agora - para o engº Sá -, era de fazer quanto antes uma prova de estabilidade estática. Pretenderia, assim, determinar a posição do metacentro depois de, numa primeira tentativa, mais ou menos a olho, lastrar a embarcação.




5 - A QUESTÃO TÉCNICA

Rapidamente, e de um modo simplificado, vejamos os aspectos técnicos do problema.
Quando uma embarcação mergulha na água, o seu peso (deslocamento) é aplicado no seu centro de gravidade G. A parte do casco imersa cria uma força de impulsão, de sentido contrário.
Ora quando a embarcação sob a aplicação de eventual força exterior, se inclina, três situações se podem verificar :

1ª - O Metacentro (M) ( ponto onde conflui o plano diametral da embarcação e a vertical traçada desde o centro da carena quando este se deslocou, motivado por uma inclinação provocada na embarcação situa-se acima de G .



fig 16 - Equilíbrio estável

Nestas condições a embarcação é estável, tendendo a endireitar-se quando a força que lhe provocou a inclinação, desaparece ou diminui (fig 16)

(cont)

sábado, 12 de janeiro de 2008

(Fascículo 19)









4 - SALVAMENTO

O Plano de colocar a Nau a flutuar não se mostraria deveras complicado : dois tira viras - cabos fortes - fixados a BB (bombordo) e passando debaixo da embarcação, iriam fixar-se ao fundo da ria por possantes garras a EB (estibordo), ajudando a criar momento aderiçante, suficiente. Ao mastro principal, depois de convenientemente escorado, seria passado estropo ao calcez, ligando-o ao cadernal da cábrea.
















fig 14 –Esquema de aderiçamento



Fundamental, seria, a decisão de dragar a ria paralelamente à posição da Nau, por BB. No dia 26 o engº Sá deu ordens para aderiçar. Imediatamente a Nau começou a endireitar até ao ângulo máximo de 75º, dado que nessa posição os dois cadernais (da cábrea e o fixo ao calcez) estavam a beijo.


Fig 15- A Nau suspensa da grua

Fixada a Nau pelos tira-viras na nova posição, a cábrea passou para Sul da embarcação adornada. Com ela fixada, imediatamente se enviaram mergulhadores a fim de estancarem as portinholas de EB. Feito isto, à medida que se ia esgotando a água e o lodo com o auxilio da cábrea, a Nau pôs-se, finalmente, direita.

(cont)

domingo, 6 de janeiro de 2008

(Fascículo 18)

Logo no dia seguinte o engº Sá Nogueira apresentar-se-ia em Aveiro, acompanhado pelo Comandante Luís Spencer, a quem iria encarregar de dirigir os trabalhos, no local. De imediato contactou o Mestre Mónica, explicando-lhe o plano com que tencionava, rapidamente, voltar a pôr a Nau a flutuar. Para isso, os meios que tinha no Porto de Lisboa, pareciam-lhe suficientes. Solicitou, então, que lhe fossem entregues planos detalhados da embarcação, pois desejava, antes de se lançar ao trabalho, efectuar diversas verificações.


Perplexo, recebeu a informação do Mestre, de que pouco mais haveria do que um plano geral (!!!) de formas (fig 13), porquanto, dado o pouco tempo havido entre a tomada da decisão de construir a Nau e a data da exposição, se teria pensado - tratando-se de uma réplica de embarcação já provada, e não haver muitas transformações a fazer para a adaptar aos fins em vista - serem dispensáveis planos mais pormenorizados, de maior detalhe técnico construtivo.
Este teria sido, afinal, o erro capital, omissão imperdoável que teria conduzido ao desastre!
O que o engº Sá Nogueira se queria certificar, era se o volteio da Nau fora causado por falta de estabilidade, ou se teria sido produzido pelo encalhe ; e, neste caso, se aos impulsos hidrodinâmicos, outras solicitações exteriores se lhes teriam vindo juntar.
Voltando a Lisboa ordenou que se aprontassem, o rebocador «Cabo da Roca», a draga «Engenheiro Matos» e a cábrea «Adolfo Loureiro» ; os primeiros largaram para Aveiro a 16 desse mês, tendo aqui chegado a 18. O rebocador voltaria ainda a Lisboa para trazer a cábrea.
Entretanto, em Aveiro, foram solicitados aos Pilotos da Barra todos os elementos possíveis sobre a navegabilidade da ria, bem como do canal de acesso da barra.

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