domingo, 10 de fevereiro de 2008





(Fascículo 22)

De facto, sobre o equilíbrio longitudinal, o problema coloca-se em outros moldes:

fig. 20 - Equilíbrio Longitudinal


Deslocado o peso, (que provocava a imersão a) até uma distância d de C, o mesmo irá provocar a imersão a+b (afundando-se) à proa mas manter-se-á a imersão na vertical da popa, desde que d se mantenha em certos limites (determinável em cada caso, d = 2M/ I, sendo M o momento necessário a produzir 1 cm de diferença de imersão, e I o deslocamento por 1cm de imersão).
Esta distância, d, para um e outro lado, determina os chamados pontos de indiferença para as imersões de proa, e ou de ré, segundo v’v’ está, por ante vante, ou por ante ré, de vv.
Colocado o peso por vante de v’v’, a embarcação afunda de proa e levanta de ré. E isso é o que pretendia Sá Nogueira, contra o espanto daquela gente que, aterrorizada, vê a já de si tremendamente alta e desproporcionada popa, a subir ainda mais, parecendo, assim, criar maior desequilíbrio.
O calado atingiu, depois de deslocado o lastro convenientemente, os 13´ à ré ; e 12´ 5´´ à proa, praticáveis, em vez dos 15´ anteriores.
O desconhecimento do sítio exacto onde colocar o lastro (fora do ponto de indiferença) para produzir os efeitos pretendidos, colocava em dúvida o conhecimento do técnico ; o que levou à tomada de medidas drásticas e ao primeiro confronto pessoal com o mestre Mónica mal aconselhado, ao que parece.
Curiosamente no único plano de formas que existe no Museu da Marinha, visualizámos que o calado aí referido, era previsto ser 7´ 80´´ à proa, e 10´ 50´´ à ré. Por aqui pode ter-se uma ideia da ligeireza com que a Nau foi projectada, e as razões obrigatórias para o seu capotanço : - a falta imperdoável de cálculos rigorosos e cuidados, de modo a evitar o sucedido.

(cont)

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