sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008



(fascículo 21)


6 - LIBERTAÇÃO


Só que de imediato também se apercebeu da outra evidência.

A de que, com o calado médio 3,82 m - com 4,52 m à popa - a embarcação estava cativa. Pois que nem a ria com os seus bancos de areia espalhados ao longo do trajecto até à barra, nem mesmo esta, tinham profundidade suficientes para a libertar. Em condições normais de flutuação a Nau estava condenada a ficar prisioneira da Laguna. O que evidenciava uma clara e insensata irresponsabilidade, técnica.
Dá-se então o primeiro choque entre o mestre Mónica e o Eng.º Sá. Este ordenaria que fosse passado o lastro para a proa, de modo a que a Nau mergulhasse de proa e subisse de ré, pretendendo com isso diminuir o calado máximo. Ausente em Lisboa, é-lhe enviada uma carta do Mestre que lhe sugere que tal pretensão lhe parecia ser um erro, por poder alquebrar o navio. E porque, experimentando mudar o lastro, o barco afundava sem subir de popa, pelo que seria inútil e perigoso tal trabalho, afirmava o Mestre na referida missiva.
Sá Nogueira irritado compreende que tem de tomar posições firmes contra um certo empirismo reinante, e contra opiniões demonstrativas de certa ignorância, pois descortinava que alguém estaria por detrás da carta que lhe fora enviada, assinada pelo Mestre.

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